Meu nome é Marvin

on domingo, 29 de junho de 2014
  Nunca contei para ninguém isso. Não acho que seja algo legal para se partilhar. Entre mil defeitos eu penso que esse seja o meu pior. Não é o tipo de coisa que se assume sem antes justificar, normalmente a gente de costume se justifica após o ato, no meu caso a explicação deve ser antes mesmo.
  Me orgulho de ser um pobre, de não ter um pai e também de ter quase 21 sem um emprego formal. Ainda faço faculdade e o pior estou no segundo período, ainda tenho muita estrada. As vezes penso em desisti, porque não me sinto a vontade. Mas aí que entra a parte do meu pior defeito, que é ser fraco. Sempre que começo a pensar em desisti no fim acabo desistindo mesmo. As vezes penso que ainda sou um adolescente desses bem fracassado sem um grande amigo, sem uma grande garota. Estou no itinerário entre um livro de um jovem adulto que ainda não encontrou a formula do amor, nem a formula da felicidade, e nem a formula da tristeza. Isso pode suar deprimente, mas o fato é que já me acostumei a ser assim, assim tão sozinho sabe? Meu melhor amigo por incrível que pareça é o triple da minha câmera e as minhas fotos favoritas são as selfies. Acredito que fui plagiado por essas celebridades que aderiram aos selfies, esse tipo de fotos já existiam no meu mundo bem antes da Ellen Degeneres "vomitar" elas na cara da hipócrita hollywood. Porque todos só fazem o que eles querem, somos robores. aceitem isso foi o que sobrou para nós.
   Sinto falta da minha infância, de dizer: "quando eu crescer..."_ sim eu tinha esperança, pobre criança._ Minha vontade é pegar um megafone e sair nas ruas de todo o mundo e gritar, "crianças não cresçam, apenas sonhe isso é a coisa mais pura da vida", é uma pena que elas não me escutariam nem se eu tivesse um trilhão de megafones.
   Na ultima semana depois de uma conversa com minha mãe eu decidi começar a fazer terapia. Eu insisto em dizer que não estou deprimido, apenas cresci de forma errada. Parece que os anos passaram em um mês. Isso é chocante, assim como descobri que seu ex melhor amigo(não o triple, que fique claro) faleceu de overdose. Isso me deixa impressionado, mas não deprimido. Apenas me pergunto onde eu estava quando tudo isso aconteceu? Obviamente eu poderia ter o persuadido e apresentado diversas teses clichês de que droga faz mal. Mas devo confessar, e isso me deixa muito triste, foi eu que lhe dei o primeiro cigarro de maconha.Na verdade eu não comprei, e muito menos sou um traficante, não me interprete mal. Eu ganhei esse cigarro na minha festa de 17 anos, de uma garota, que prefiro não aprofundar o envolvimento dela nessa historia. Como eu revelei antes eu sou um fraco, e como sempre eu desisti, desisti de dar um tapa na pantera. Meu ex melhor amigo sorriu quando eu disse que jogaria a bucha de maconha na privada. Só me lembro do seu sorriso quase psicótico, disse: "Pode deixar que eu cuido disso". Eu sabia que ele cuidaria, ele sempre conseguia. Isso era ser forte, eu confiei nele.
   Eu fui no terapeuta não apenas por lembranças do meu passado. Eu fui porque era a hora certa, a hora de assumir que eu precisava de ajuda. Não estava nadando em uma depressão, mas também não era a minha melhor fase. Antes de entrar na sala do psiquiatra eu liguei para minha mãe, é bom poder contar com ela. Ela sempre foi mais que uma mãe, ele teve que se virar e se tornar pai também. Então é por isso que tenho toda a gratidão do mundo por essa mulher, e confesso que quando estou perto dela me sinto mais forte, como se eu fosse um gigante(pode ser por eu ser alto alem do padrão e ela baixa alem do padrão,rs). No fundo da ligação dava para escutar uma musica dos titãs, minha mãe sempre gostou dessa banda. Cantava para mim quando era criança, e nessa hora a nostalgia aperta como se eu estivesse sendo sufocado por um urso. Eu desligo o telefone sem ao menos dizer uma palavra. Aquela musica mexia comigo, e sabia que mamãe sempre a escultava quando estava triste. A recepcionista anunciou a minha vez no consultório do Psiquiatra Almeida.
Ao entrar na sala ele apontou para o divã no centro, e me pediu para deitar. Unica coisa que ele me perguntou foi,"qual é o seu nome e como você veio parar aqui?".
"Bom, meu nome é Marvin e estou aqui porque eu sou fraco."
Ele não reagiu a nenhuma expressão, apenas pediu para eu continuar. Eu continuei...



Texto para a coluna, poesia e tal, do blog o Rafa disse. (Autor R.R Melo)

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